quarta-feira, 26 de abril de 2017

José Asunción Silva, "A um pessimista"


Há sombra demasiada nas visões
Que tens, algo de plácido há na vida,
nem tudo na existência é uma ferida
Da qual o sangue jorra aos borbotões.

A luta tem descanso, e ainda as paixões
Agonizantes, e a afeição perdida,
Tudo que amamos e que o tempo olvida
E nos cobre de rudes decepções.

Mas, por que duvidar, se nos reservam
No futuro remoto e em tudo obscuro
Fundas calmas e vividas bonanças

A ternura profunda, o beijo puro,
E femininas mãos que a amar preservam
Os berços cor-de-rosa das crianças.

Tradução de Alexei Bueno

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